“O pior acontece quando o pseudólogo é levado a sério por um grande público”
Segundo Carl Jung, o diagnóstico de Hitler era o de “pseudologia phantastica”, uma forma de histeria que se caracteriza pela capacidade especial em acreditar nas próprias mentiras.
“Nada é mais convincente do que se acreditar que a própria mentira, a própria maldade ou má intenção sejam boas; em todo caso, é bem mais convincente do que um homem simplesmente bom e sua boa ação ou de um homem mau e sua má ação”, escreveu.
Ele acrescenta: “No rosto desse demagogo se podia ler uma triste falta de formação que produziu uma presunção delirante, uma inteligência mediana dotada de astúcia histérica e uma fantasia de poder adolescentes. Seus movimentos era todos artificiais e preestudados por um cérebro histérico que só se preocupava em causar impressão.”
E finaliza: “Ele foi levado aos céus, tendo havido inclusive teólogos que nele viram o salvador. (…) O pior acontece quando o pseudólogo é levado a sério por um grande público.”
Embora os termos da época estejam em desuso na psicologia e na psiquiatria contemporânea, não há dúvida de que a descrição do problema continua pertinente. É, no mínimo, um alerta assombrosamente atual.
PARA LER:
Carl Jung, Obras Completas, 10/2 (Editora Vozes)