Diferentes, Desiguais e Desconectados (#Canclini): tópicos para debate

Por Gustavo Barreto (*)

Questões em tópicos (muito resumidos, precisa do apoio do texto).

CANCLINI, Néstor García. Diferentes, Desiguais e Desconectados: mapas da interculturalidade (Introdução e cap.1). Rio de Janeiro: ED UFRJ, 2005.

  1. Três eixos: diferenças, desigualdades e desconexões.
  2. Para as antropologias da diferença, cultura é pertencimento comunitário e contraste com os outros. Para estudos da desigualdade, é algo que se adquire fazendo parte das elites ou aderindo a seu pensamento e hábitos; Estudos mais recentes consideram que ter cultura é estar conectado. Algumas consideram a  cultura digital como a cultura do século XXI. (p.15-16)
  3. Antropologia como ferramenta/método para entender a reestruturação cultural do mundo como chave do final de uma época política. (p.19) Ex.: o sucesso maior, na Internet, de figuras culturais em detrimento de figuras políticas.
  4. Importância socioeconômica do migrante: remessas dos mexicanos aos México que representam mais ou se equiparam a setores produtivos tradicionais, como petróleo ou turismo. (p.20)
  5. Por termos muitos produtos made in Taiwan ou utilizarmos TVs de países asiáticos, estamos entrando em contato com suas culturas? (p.20)
  6. Críticas a Bourdieu (reprodutivista, p.22) e a Maffesoli (“esqueceu as ciências sociais”, p.29, e exaltação indiscriminada da fragmentação e do nomadismo, p.27); Elogios a Appadurai (p.24), que define cultura como sistema de relações de sentido que identifica “diferenças, contrastes e comparações”.
  7. Ex.: Autores ou produções que recebem reconhecimento apenas a partir da certificação eurocentrista (“Ele já tocou até na Europa”; “É um autor internacional”), enquanto “maioria dos migrantes são desvalorizados nas sociedades que escolheram com admiração” (p.29);
  8. Avanços do “pluralismo” latino-americano: participar de uma sociedade democrática implica ter direito a ser educado na própria língua, associar com os que se parecem conosco para consumir ou protestar, ter revistas e rádios próprias que nos distingam. Contudo, “a vigilância do politicamente correto às vezes asfixia a criatividade lingüística e a inovação estética”. (p.26)
  9. O problema que as sociedades contemporâneas enfrentam é mais “de explosão e dispersão das referências culturais do que de homogeneização” (Jean-Pierre Warnier) (p.27)
  10. Cultura é uma expressão que se generalizou: cultura empresarial, cultura organizacional, cultura do medo etc. Os termos civilização e cultura surgem no final do século XIX, na filosofia alemã: civilização seriam capacidades técnicas desenvolvidas, cultura seria um produto destas capacidades nas mãos de um artista. (p.37)
  11. Dois usos binários: natureza-cultura e sociedade-cultura. A primeira tem o mérito de afirmar que todas as sociedades possuem cultura, ou seja, não existem culturas “avançadas” ou “primitivas”. Isto gera posteriormente o relativismo cultural, que não permite mais bases significativas de comparação. (p.37-39)
  12. Cultura-sociedade: melhor explicado por Jean Baudrillard em Crítica da economia política do signo (Canclini, p.40). O que é uma geladeira? Para que serve uma geladeira?
    1. Valor de uso: uma geladeira é um aparelho doméstico, serve para manter temperatura de alimentos, remédios ou qualquer outro objeto;
    2. Valor de troca: a geladeira é uma mercadoria, que demorou um certo tempo e recursos para ser produzida, e vale algo em dinheiro;
    3. Baudrillard e o "valor signo": geladeira é um conjunto de conotações, de implicações simbólicas. É "nacional" ou não, de marca etc;
    4. Baudrillard e o "valor símbolo": geladeira da minha vó, por ser da minha vó, não pode ser trocada. "Não tem preço", diz o comercial.
(*) Gustavo Barreto (@gustavobarreto_), 39, é jornalista, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis clicando aqui). Atualmente é estudante de Psicologia. Acesse o currículo lattes clicando aqui. Acesse também pelo Facebook (www.facebook.com/gustavo.barreto.rio)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *