‘Terras devolutas as quaes pela excellente qualidade prestam-se a todo genero de cultura’

Por Gustavo Barreto (*)
Jornal do Agricultor, fevereiro de 1885

Jornal do Agricultor, fevereiro de 1885

O Jornal do Agricultor, em suas edições de fevereiro de 18851, traz um interessante informe sobre as colônias existentes em Santa Catarina. O jornal publica relatos de empreendimentos exitosos, o calendário lunar, condições climáticas, as frutas e flores do mês, dicas de como lustrar chapéus, informações científicas sobre “plantas uteis do Brazil”, entre outros temas variados.

A publicação informa, por exemplo, que a colônia de Blumenau foi fundada pelo Dr. Hermann Blumenau em 1852, pouco tempo depois adquirida pelo Estado e antecipada posteriormente, em 1880. A população naquele ano (1885) era de 18 mil habitantes, diz o jornal, composta de alemães, italianos e portugueses. As principais atividades são o cultivo de cana e a exportação de milho, feijão, arroz, farinha de mandioca, batatas, manteiga, banha de porco e toucinho.

“A área da colonia é de 1.390,000 hectaros, da qual a cultivada excede á 18,000, existindo ainda nas circumvizinhanças muitos kilometros de terras devolutas, as quaes pela excellente qualidade prestam-se a todo genero de cultura”, informa a nota.

Itajaí, na mesma região, também possuía uma colônia “fundada em 1860 e emancipada em 1882”, informa o jornal. Em 1885 habitavam aí 7.900 habitantes, entre os quais cerca de 2.500 italianos e 1.350 alemães, entre outros. “Os habitantes não só se entregaram á lavoura, como tambem a differentes industrias”, registra o Jornal do Agricultor. Já a Colônia de Azambuja, próximo ao rio Tubarão, no sul do Estado, foi fundada em 1877 e sua população “excede de 2,000 almas, predominando a nacionalidade italiana”. Nos seus arredores, informa a publicação, existem terras devolutas “onde póde com vantagem ser estabelecido numero consideravel de immigrantes”.

NOTA

1 Disponível em http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=709778&pagfis=4693&pesq=&url=http://memoria.bn.br/docreader#

(*) Gustavo Barreto (@gustavobarreto_), 39, é jornalista, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis clicando aqui). Atualmente é estudante de Psicologia. Acesse o currículo lattes clicando aqui. Acesse também pelo Facebook (www.facebook.com/gustavo.barreto.rio)

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