O ensino de italiano para os imigrantes: um editorial de 1932
A questão do ensino público de estrangeiros se tornou pauta de um editorial do jornal O Globo, em sua edição de 26 de julho de 1932, a partir de críticas da imprensa italiana. Esta, informa o jornal, reviveu “um velho problema”, que tem “provocado debates accesos em diversos ensejos: o da nacionalidade dos filhos de immigrantes”.
Segundo as críticas da imprensa italiana citadas pelo diário carioca, o governo brasileiro deveria permitir e ensino do idioma italiano nas escolas públicas primárias aos filhos dos imigrantes.
“Para que?”, questiona o editorial. “Parece-nos que os descendentes de quaesquer nacionalidades, nacidos no Brasil, poderão facilmente estudar a língua da terra de origem dos seus ascendentes, em tempo, sem damno algum para os laços sentimentaes que pretendam conservar.”
Em outra crítica, o diário carioca cita o “jornal fascista La Stampa” (sic), de Turim, que teria afirmado que o governo brasileiro deve se limitar a impor que o ensino do idioma português, História e Geografia do Brasil sejam ministrados nas escolas estrangeiras, por professores brasileiros, “deixando toda a liberdade para o resto das matérias”.
Rebate O Globo: “É curioso notar a preocupação dos paizes distantes de nacionalisar os filhos dos immigrantes. Em muitos casos isto constitue esforço inutil. A attitude do nosso governo, assim como a attitude dos governos sul-americanos, não pode ser outra senão a de nacionalisar todos aquelles que nascem em seus territorios”.
O editorial conclui afirmando não acreditar que a diplomacia consiga “manter os laços politicos entre os filhos dos imigrantes e os seus paizes de origem, conforme pretende a imprensa italiana”.