Imigrantes alemães aguardam em Niterói: “que sejão promptamente recebidos”

Por Gustavo Barreto (*)
Trecho da capa do diário do governo “Império do Brasil”, em sua edição de 01 de maio de 1824. Imagem: Reprodução/Biblioteca Nacional

Trecho da capa do diário do governo “Império do Brasil”, em sua edição de 01 de maio de 1824. Imagem: Reprodução/Biblioteca Nacional

Partirão em breve para a Vila de Nova Friburgo cerca de 200 colonos alemães.

O anúncio foi publicado no diário do governo “Império do Brasil”, em sua edição de 1o de maio de 18241. Os colonos – como são conhecidos neste período os imigrantes – se fixarão onde atualmente estão, desde 1819, os colonos suíços, alguns dos primeiros que D. João VI mandou trazer.

Antes de viajarem, diz a nota do jornal oficial, “estejão tomadas todas as medidas para o seu arranjo, e commodidades nos lugares por onde transitarem”. Vão passar pela Vila de Macacu – atual Cachoeiras de Macacu – e, por isso, o imperador pediu no dia 5 de abril que a Repartição de Negócios Estrangeiros tome uma série de medidas.

A nota observa ainda que, atualmente, eles se encontram alojados na “Armação da Praia Grande”, cuja localização eu desconheço. O mais provável é que diga respeito ao atual centro de Niterói, onde havia uma praia – a Praia Grande – que inspirou, em 1819, o terceiro nome que a cidade de Niterói recebeu ao longo de sua história: “Vila Real da Praia Grande”. Em 1835, quando foi elevada à condição de cidade, a Vila Real da Praia Grande foi rebatizada com seu atual nome: Nictheroy (na grafia da época).

No dia 14 de abril – em nota publicada na mesma edição –, o governo imperial informa sobre a chegada de novos colonos, por meio da embarcação (ou “galera”, nome mais comum à época) Carolina, vinda de Hamburgo. Os anteriores haviam chegado pelo navio Argus, oriundo da Holanda.

A administração do Paço pede que as ordens sejam repetidas em relação a esses: “que sejão promptamente recebidos, e tratados na Armação de Praia Grande, aonde deverão também residir temporariamente, até novas Determinações do Mesmo Augusto Senhor”, diz a nota assinada pelo ministro Luiz José de Carvalho e Mello2.

NOTAS

1 IMPÉRIO DO BRASIL – DIÁRIO DO GOVERNO. Repartição dos Negocios Estrangeiros. 01 mai. 1824. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=706752&pagfis=1824&pesq=&url=http://memoria.bn.br/docreader#. Acesso em: 10 set. 2016.

2 Vide https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Jos%C3%A9_de_Carvalho_e_Melo

(*) Gustavo Barreto (@gustavobarreto_), 39, é jornalista, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis clicando aqui). Atualmente é estudante de Psicologia. Acesse o currículo lattes clicando aqui. Acesse também pelo Facebook (www.facebook.com/gustavo.barreto.rio)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *