Como proteger talentos nacionais contra a ‘fuga de cérebros’?

Por Gustavo Barreto (*)

Baixa remuneração e pouco reconhecimento profissional faz com que latino-americanos qualificados prefiram deixar países de origem. Sistema sólido de bolsas de estudos ajuda a conter problema.

As Cobras, quadrinhos de Luis Fernando Verissimo.

As Cobras, quadrinhos de Luis Fernando Verissimo.

A estimativa é do Banco Mundial: A fuga de cérebros, no total, está crescendo em todo o mundo. Um especialista do organismo internacional, David McKenzie, explica que o número de imigrantes do sul para o norte aumentou de 14 milhões em 1960 para 60 milhões em 2000. Da mesma forma, o número de imigrantes com ensino superior aumentou dramaticamente.

O salário-base, a reputação do empregador e oportunidades de desenvolvimento profissional são uma “faca de dois gumes”, já que fazem com que os profissionais decidam tanto ficar quanto sair de uma empresa. Neste sentido, os ‘talentos’ latino-americanos que decidem procurar melhores oportunidades fora do seu país de origem escolhem, em sua maioria, os países ricos.

Mas o cenário econômico internacional está mudando. A crise financeira de 2008 criou novas prioridades e gerou novas exigências para os empregadores e empregados. De acordo com um relatório do The Economist Intelligence Unit, o Chile é o país líder na região – pois tem um ambiente melhor para atrair e reter talentos – seguido por México, Brasil, Costa Rica, Argentina, Peru, Venezuela, Colômbia, República Dominicana e Equador.

Uma das medidas mais práticas para reter talentos é criar um sistema de bolsas de estudos sólido. No Chile, por exemplo, muitas das bolsas tanto de formação como de Doutorado têm como condição o retorno do beneficiado para trabalhar no país por algum tempo após o fim do apoio financeiro. Isso garantirá a valorização do capital humano, vital para o desenvolvimento e a inovação.

Outro exemplo é praticado na União Europeia, onde os subsídios para estudar nos países membros permite uma maior mobilidade e facilita a implementação de estudos avançados. Durante os próximos anos, avalia o Banco Mundial, os países da região devem encontrar espaços que promovam, protejam e retenham talentos tão valiosos para o desenvolvimento dos países.

A fuga de cérebros em números

Os valores relativos às qualificações profissionais na América Latina variam de acordo com o país, de 5% na Costa Rica a 14% na Argentina. No Canadá, Estados Unidos e Espanha, a taxa supera os 15%.

Segundo o Banco Mundial, 30 milhões de latino-americanos vivem fora de seus países de origem – ou 5,2% da população. Nos países do Caribe, em média, mais de 70% dos profissionais qualificados emigram em busca de melhores oportunidades.

Os países líderes da região com o maior número de emigrantes são a Argentina, Venezuela, México, Brasil, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Chile, Paraguai e Bolívia. A grande maioria destes migrantes – cerca de 90% – preferem os países da OCDE, com rendimentos mais elevados.

Saiba mais detalhes do estudo divulgado pelo Banco Mundial clicando aqui.

(*) Gustavo Barreto (@gustavobarreto_), 39, é jornalista, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis clicando aqui). Atualmente é estudante de Psicologia. Acesse o currículo lattes clicando aqui. Acesse também pelo Facebook (www.facebook.com/gustavo.barreto.rio)

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