Argentina é ‘campo fértil’ para ‘perturbações communistas’, com forte influência de ‘agitadores’ italianos entre os imigrantes
A editoria de Internacional de 6 de outubro de 1927 do Jornal do Brasil traz um registro sobre documentos que o governo chinês teria publicado a respeito das “actividades communistas na América do Norte e do Sul”. O país onde a “ameaça” seria maior: a Argentina. Segundo o JB, “dous terços dos comités centraes dos trabalhistas de Buenos Aires são compostos de communistas que estão promptos para influenciar num momento opportuno na organização dos trabalhadores argentinos”.
Os documentos, diz o diário carioca, apontam que a República Argentina é um “campo fértil” para essas “perturbações communistas”, havendo um “trabalho especial feito por esses agitadores entre os immigrantes”. O JB cita transcreve trecho do documento chinês: “Desde 1921 a emigração para a Argentina tem crescido constantemente. Desde que Mussolini subiu ao poder cerca de 120.000 italianos emigraram para este pais”.
“O partido communista”, acrescenta o documento, “mantem uma commissão especial que trabalha entre estes emigrantes. Os communistas emigrantes estão organizados em grupos conforme as suas línguas e existem italianos, russos, bulgaros e hebreus”. Informações deste tipo na imprensa brasileira estão inseridas em um contexto de temor, a este momento já antigo, de que imigrantes “agitadores” possam se infiltrar no Brasil. A influência comunista entre os estrangeiros, e sua consequente repercussão entre os diversos setores da sociedade e diferentes governos, é uma constante na História brasileira.