Valorizando nosso país, veja que belo espaço europeizado: um registro esportivo de 1898

Por Gustavo Barreto (*)
Revista Moderna, edição de 1. de fevereiro de 1898

Revista Moderna, edição de 1. de fevereiro de 1898

“Nas planícies da Moóca, circumdando a cidade, a vinte minutos do caminho de ferro, um esplendido campo de corridas offerece, todos os domingos, animadas reuniões, em que productos do paiz e puros sangue estrangeiros disputam magníficos premios.”

Assim descreve um elegante evento paulistano do final do século 19 a Revista Moderna, em sua edição nº 14 de 1o de fevereiro de 18981. À época ainda era forte o sentimento de que praticamente tudo que fosse europeu era melhor: “A colonia estrangeira, e especialmente a ingleza e allemã, possue diversos centros de Sport, notando-se, entre elles, o Cricket-Club, que organiza mensalmente bellas e elegantes partidas”.

A matéria destaca a importância do velódromo Paulista, que fora recentemente criado e que se tornaria, posteriormente, um estádio de futebol. A Revista Moderna destaca que o velódromo é, em todo o seu conjunto, “uma das mais bem acabadas pistas velocipedicas, rivalisando com as que temos visto em França e na Inglaterra”.

E conclui, elogiando o espaço, mas sem tirar o foco do estrangeiro: “Em ponto menor, póde-se comparar, sem nenhuma pretenção, ao velodromo do Parc des Princes, em Paris, e ao de Brighton, perto de Londres, quer pela disposição geral das construcções, quer pelo estylo leve e gracioso das archibancadas ou tribunas”.

Momento do gol do Paulistano, no Velódromo, em 1905, contra o São Paulo Athletic. Neste ano o estádio já havia sido adaptado para o futebol, porém fora inaugurado em 21 de junho de 1892 para o ciclismo. Foto em domínio público

Momento do gol do Paulistano, no Velódromo, em 1905, contra o São Paulo Athletic. Neste ano o estádio já havia sido adaptado para o futebol, porém fora inaugurado em 21 de junho de 1892 para o ciclismo. Foto em domínio público

NOTA

1 Registro disponível em http://on.fb.me/ZVg9vn

(*) Gustavo Barreto (@gustavobarreto_), 39, é jornalista, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis clicando aqui). Atualmente é estudante de Psicologia. Acesse o currículo lattes clicando aqui. Acesse também pelo Facebook (www.facebook.com/gustavo.barreto.rio)

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