Aumento dos imigrantes ‘espontâneos’ no Rio

Por Gustavo Barreto (*)
Jornal 'A Província', 7 de fevereiro de 1884

Jornal ‘A Província’, 7 de fevereiro de 1884

A edição de 7 de fevereiro de 1884 do jornal A Província de São Paulo – atual O Estado de S. Paulo – divulga, após lamentar “a triste deficiencia dos trabalhos da estatistica sobre immigrantes”, dados sobre a imigração no Rio de Janeiro.

Com isso, afirma o periódico, busca “estudar o assumpto, e o faz circumstanciadamente em um longo artigo” – e que, além de longo, foi publicado com grande destaque, na primeira página.

O diário cita dados da Inspetoria de Terras e Colonização, que abrange apenas o movimento do porto do Rio de Janeiro. Em 1883, registro o jornal, entraram no Rio quase 27 mil imigrantes, a grande maioria de portugueses e italianos. E quase todos europeus.

Entre os não europeus, apenas 11 orientais, 10 russos, 10 norte-americanos, 6 “turcos”, 2 marroquinos e 31 outros “de diversas nacionalidades”. Do total, quase 25 mil foram classificados como imigrantes “espontâneos”, com os demais subvencionados.

O destino era principalmente São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo e Bahia registravam outras entradas, com entradas irrisórias no Pará, Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Amazonas.

O jornal publica um quadro ano a ano, desde 1874 a 1883, lamentando que os resultados deste ano (26.789) tenham sido menores que os de anos como 1876 (de mais de 30 mil) e 1877 (pouco mais de 29 mil). A boa notícia, diz o periódico paulistano, é a elevação sensível do número de imigrantes espontâneos – de 1883 para 24.827.

(*) Gustavo Barreto (@gustavobarreto_), 39, é jornalista, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis clicando aqui). Atualmente é estudante de Psicologia. Acesse o currículo lattes clicando aqui. Acesse também pelo Facebook (www.facebook.com/gustavo.barreto.rio)

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